Saturday, December 6, 2014

MUDAR FAZ BEM


Cheguei há pouco da igreja e dei por mim a refletir em algumas coisas quando me preparava para dormir. Há tanto tempo que não escrevia no blog, mas é quase uma da manhã e aqui estou eu... Vim até ao escritório aconchegar a minha cadela (sim eu faço isso) e os pensamentos foram-se acumulando na minha mente... 

Como muitas mulheres portuguesas, eu tenho cabelo encaracolado. Ao contrário da maioria eu adoro o meu cabelo. O cabelo encaracolado sou eu. É, digamos, a minha essência, faz parte de mim. Mas o cabelo encaracolado é um cabelo que dá muito trabalho (pelo menos o meu), porque tem vida própria, hoje está lindo, mas se eu for dormir amanhã pode acordar pavoroso. É um cabelo pouco prático, eu não acordo de manhã e pronto, não... tenho de usar um creme de pentear, tenho de ter uma determinada técnica para o pentear, este senhor precisa de ser muito bem hidratado porque ganha muito frizz, não fica bem se secado ao secador, quando chove é um horror... enfim, é como eu, beeeeem especial :) Resumindo, eu lá tenho as minhas manias e portanto só gosto dele de uma determinada forma e quando não é assim saio de casa chateada e a sentir-me revoltada com a minha sina capilar. 

(juro que eu vou chegar a algum lado com toda esta conversa, continuem a ler por favor)

Por estes motivos todos comprei um babyliss para me dar uma mãozinha nos bad hair days. Assim dou uma alisada rápida em algumas zonas e fico com um rabo-de-cavalo com mais pinta e com bom aspeto.

Para quem não me conhece eu só esticava o cabelo quando o rei fazia anos (que era efetivamente uma vez por ano, quando ia cortar as pontas). Infelizmente fui obrigada a render-me às evidências, precisava de ajuda e alisar de vez em quando era uma hipótese a considerar... 

Claro que nem por isso pretendo deixar de usar cabelo encaracolado. Simplesmente estou a adaptar-me a uma realidade, que é a minha. Nem sempre tenho tempo quando acordo para lavar o cabelo, nem sempre consigo que ele fique como quero no tempo que tenho disponível, nem sempre me sinto bem para ir trabalhar com ele no estado em que acordo, não o posso levar para a rua molhado (que é como gosto de o secar) com o frio de rachar que está... É a realidade.

E o que é que isto tudo tem a ver com este blog que supostamente fala da minha vida com Deus, perguntam vocês? Bom, eu também não tinha percebido, mas tem tudo. O meu cabelo encaracolado representa a minha identidade, a minha essência. É quem eu sou. E Deus não muda a nossa essência. Mas muitas vezes pelo caminho da vida deparamo-nos com mudanças, que são necessárias, mas que nem sempre nos são muito confortáveis. 

Alguém me dizia há pouco que gosta mais de me ver de caracóis e a verdade é que eu também gosto, mas percebi que preciso de fazer algumas adaptações. Alisar de vez em quando. Na nossa vida muitas vezes também é assim. E quando isso acontece não raramente temos dificuldade em aceitar a mudança, em aceitar aquilo que chega de novo, porque gostávamos mais de como era antes. (De repente lembrei-me do povo no deserto a reclamar porque no Egito é que era bom... não sei se conhecem alguém assim...)