Wednesday, October 19, 2016

MARCHA! (parte I)


Estava na igreja um destes dias e, enquanto orava, o Espírito Santo disse-me: "diz ao meu povo que marche". Não entendi nada, mas no meu lugar eu própria comecei a marcar o meu passo, como se fosse parte de um exército, aquele que Deus quer levantar nesta terra. Não estivesse eu já habituada a estas pequenas "loucuras" e ficaria envergonhada de fazer aquelas figurinhas. Não fiquei. Percebi há já algum tempo que não tenho porque me envergonhar do Espírito Santo e do seu mover. Aprendi a amar o ministério desta que é a terceira pessoa da trindade e a desejar conhecê-Lo cada vez mais. 
Já em casa, pus-me a pensar no que Deus me disse e decidi ir em busca deste versículo, que me lembrava estar relacionado com o episódio do Mar Vermelho. 

Comecei a reler a história e a preparar este texto sem ter bem noção do que Deus queria que eu escrevesse, mas vocês já sabem que este blog é assim. (: 

E disse o Senhor: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; (...) eis que o clamor dos filhos de Israel é vindo a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem. Êxodo 3:7-9

Resumindo a história, depois de anos de escravidão no Egipto, os israelitas podem finalmente mudar de vida. Guiados por Moisés, chamado por Deus para esta árdua tarefa, e depois de muitas peripécias (também conhecidas por pragas do Egipto) conseguem escapar da opressão de faraó e rumam à Terra Prometida. 

Assim de repente consigo fazer uma associação com a nossa vida e a Igreja no geral. Quanta opressão temos sentido... Durante anos a Igreja do Senhor tem vivido oprimida, escravizada pelo inferno... o diabo tem matado os nossos sonhos, a nossa esperança, tem matado mesmo vidas espiritualmente falando... ele tem roubado a nossa fé e a nossa alegria, sugado a nossa energia, destruído a unidade, a santidade e a integridade da Noiva. Hoje vemos um povo frio, apático, cheio de desamor, incapaz de romper no sobrenatural e de viver a vida  abundante que Jesus Cristo conquistou para nós. 

Mas assim como viu o clamor e as dores do Seu povo no Egipto, Deus também tem visto como temos sido afligidos e Ele mesmo está a levantar homens e mulheres neste tempo, guiados pelo Espírito Santo, dependentes Dele, para fazerem a diferença e serem referências nesta geração.

Assim partiram os filhos de Israel de Ramessés para Sucote, cerca de seiscentos mil a pé, somente de homens, sem contar os meninos. E subiu também com eles muita mistura de gente, e ovelhas, e bois, uma grande quantidade de gado. Êxodo 12:37,38

Quando lemos isto talvez não tenhamos a real consciência do que aconteceu, mas a Bíblia diz que eram cerca de seiscentos mil homens a pé mais as mulheres e crianças e outros que terão aproveitado a deixa para sair também daquela terra (vs 38). Eu sou péssima a matemática, mas se contarmos com as famílias completas então este número certamente duplicava! É muita gente! Muita gente mesmo! Para terem uma noção, só a cidade de Lisboa tem cerca de 550 mil habitantes... Conseguem imaginar todos os habitantes de Lisboa a mudarem-se, ao mesmo tempo, a pé, e com as suas tralhas todas? E ainda os animais? Agora imaginem mais do dobro disso! Que imagem incrível...

É isto que Deus faz, quando nos dispomos a confiar Nele! Quando há um povo que se determina a crer que é possível, que sacode o medo e a incredulidade e decide depender, não das circunstâncias, mas dos Céus, vemos uma mudança radical acontecer. Não com uma ou duas pessoas, mas com todo um povo!

É isto que o Pai quer fazer por nós, por mim e por ti. Ele deseja libertar-nos do passado, daquilo que nos tem escravizado e oprimido. Ele deseja tirar-nos do Egipto em que temos vivido e conduzir-nos a uma terra nova, que mana leite e mel. Mas o primeiro passo precisamos de ser nós a dar. Ele não obriga ninguém a mudar. Nós precisamos de querer.

É interessante que a palavra usada no verso 37 para homens tem conotação militar. Não é uma referência aos homens no geral, mas aos homens com potencial para guerrear... e se continuarmos a ler, mais à frente no capítulo 14, verso 18, o autor continua a usar uma gíria militar: Mas Deus fez o povo rodear pelo caminho do deserto do Mar Vermelho; e arregimentados, os filhos de Israel subiram da terra do Egito. 

Arregimentados descreve um corpo de tropas sob comando de um coronel. No original, no hebraico, a palavra usada aqui é châmûsh, que se refere a homens ordenados e armados para a batalha. 

Um povo oprimido e escravizado era açoitado, humilhado e maltratado. Com certeza, muitos estavam feridos, fracos fisicamente, talvez até mal nutridos. Como é que, sabendo nós a condição dos israelitas, a Bíblia diz que saíram seiscentos mil homens a pé, ordenados e armados?

Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne, pois as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus, para demolição de fortalezas; derrubando raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência a Cristo; II Coríntios 10:3-5

Deus não vê como o homem (I Sm 16:7). Nós olhamos para o que é aparente, mas o Senhor vê o coração e olha para nós como a imagem e semelhança Dele. Eles podiam parecer fracos, mas Deus é forte e com Ele, como dizia o salmista, damos numa tropa, e saltamos uma muralha (Sl 18:29)! Um povo que conhece ao seu Deus tornar-se-á forte e fará proezas (Dn 11:32)! Foi isso que Deus viu quando olhou para os israelitas. Ele viu um exército, armado não com armas carnais, mas com a maior arma que alguma vez existiu - obediência e dependência de Deus. Foi com essa mesma arma que David derrotou o gigante, foi assim em todas as batalhas que Israel venceu e é assim connosco hoje também. 

Talvez te sintas fraco, cansado, oprimido e sobrecarregado, mas Deus olha para ti e vê um guerreiro nas Suas mãos! As armas da nossa guerra não são carnais, mas espirituais, poderosas em Deus e não na força do nosso braço. 

Se continuarmos a ler a história, vamos perceber mais referências que nos sugerem uma guerra. Entendemos que o que está em causa é muito mais do que uma simples libertação de um povo que estava refém, o que está em causa realmente é a soberania de Deus e a Sua identidade. Deus é Senhor e o único digno de ser honrado e exaltado. Ele não divide a Sua Glória com ninguém (Is 428)! Quando algo ou alguém tenta sobrepor-se a essa verdade, pode ter a  certeza que não prevalecerá. Faraó era ele mesmo considerado um deus. O Egipto estava cheio de idolatria, era dada a faraó uma glória que não lhe pertencia e ele não só escravizou o povo escolhido de Deus, como ainda ousou questionar a autoridade do Senhor quando Moisés o visitou.

Nunca é demais lembrar as palavras de Paulo aos Gálatas, Deus não se deixa escarnecer, tudo o que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6:7). Quem se levanta contra ti, levanta-se contra o próprio Deus. Então, não precisas de te desesperar a correr atrás da justiça que não te cabe a ti exercer. O próprio Deus tratará com aqueles. O nosso papel é apenas entregar nas mãos Daquele que tudo vê e orar, porque em Cristo nós somos chamados a amar os nossos inimigos e a orar por aqueles que nos perseguem (M 5:44). 

Fala aos filhos de Israel que voltem, e que se acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom; em frente dele assentareis o campo junto ao mar.

Então Faraó dirá dos filhos de Israel: Estão embaraçados na terra, o deserto os encerrou. Êxodo 14:2,3
Deus é um Deus de estratégia. Ao contrário de nós, que muitas vezes agimos impulsivamente e sem saber o passo seguinte, Ele não tirou o povo do Egipto sem ter um plano primeiro. Ele é Jeová Sabaoth, Senhor dos Exércitos! Ele não faz nada sem motivo e a Sua missão ainda não estava terminada.

A estratégia era endurecer o coração de faraó (vs 4) para que ele se arrependesse de ter deixado os israelitas saírem do Egipto e fazê-lo perseguir o povo. O seu objetivo era só um: que o Egipto e, consequentemente, os israelitas, vissem que Ele é Senhor soberano, Deus único e verdadeiro.

Quando eu era mais nova e esticava a corda com a minha mãe, ela dizia-me sempre "eu não sou tua colega da escola" e com Deus não é muito diferente. Ele é Pai e a Sua essência é amor, mas não brinquem com Ele... Respeito é bom e Ele gosta! O temor ao Senhor é o princípio da sabedoria (Pv 9:10) e isto tem-se perdido muito ultimamente... Precisamos de entender que Deus é Deus, não é um qualquer. E o Egipto provou desta verdade de forma muito amarga.

Lê a parte II deste texto.



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